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São Paulo – O empresário Abilio Diniz morreu na noite deste domingo (18/2) aos 87 anos. Ele estava internado no hospital Albert Einstein, na capital paulista, há mais de duas semanas tratando uma pneumonia. A informação foi confirmada pela família.
“É com extremo pesar que a família Diniz informa o falecimento de Abilio Diniz aos 87 anos neste domingo, 18 de fevereiro de 2024, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho”, diz a família em nota.
Ex-sócio do Grupo Pão de Açúcar (GPA), do qual foi fundador, e com patrimônio estimado em R$ 12 bilhões, Abilio Diniz era vice-presidente do conselho administrativo do Carrefour no Brasil, fez parte da antiga Via Varejo (atual Grupo Casas Bahia) e foi um dos empresários mais conhecidos do país.
Conselheiro político de presidentes e ex-presidente da BRF, Abilio Diniz era torcedor fanático do São Paulo e foi, inclusive, membro do Conselho Consultivo do clube. Envolvido com esportes desde criança, fundou o Audax.
Era pai de seis filhos, quatro deles do primeiro casamento e os dois mais novos com a atual esposa. Em agosto de 2022, perdeu o filho João Paulo Diniz, morto após um infarto aos 58 anos.
Filho mais velho de Valentim Diniz, imigrante português, com a brasileira Floripes Pires, Abilio nasceu em 28 de dezembro de 1936 em São Paulo e fez carreira no setor de varejo, trabalhando com o pai em um mercado fundado por ambos, que depois se tornaria a rede de supermercados Pão de Açúcar.
Em seu site, Abilio citou três episódios que o marcaram negativamente entre as décadas de 1980 e 1990: a briga com os irmãos pelo controle acionário do GPA, o seu sequestro e a quase falência do grupo.
Valentim Diniz havia deixado a maior parte das ações do GPA para Abilio, em uma divisão que, segundo o empresário, considerava o envolvimento de cada um dos seis filhos com os negócios. Os irmãos e a mãe questionaram a partilha em um processo que se arrastou por anos na Justiça e só chegou ao fim em 1994, quando houve um acordo para que Abilio mantivesse o controle da companhia.
Durante o período de disputa, no entanto, a empresa quase foi à falência e adotou um sistema de cortes para se manter em pé. Somente em 1995, já estabilizada, fez sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York após um acordo com a rede francesa Casino, a quem cedeu o controle do grupo em 2013.
Em dezembro de 1989, Abilio foi sequestrado no Jardim Europa, bairro da zona oeste da capital paulista, enquanto dirigia para seu escritório. Ele ficou seis dias em cativeiro em uma casa no bairro Jabaquara, na zona sul, dentro de um caixote com um buraco em cima que dava para um cano de ar.
Seus sequestradores pediam 30 milhões de dólares em resgate, que não foi pago.
“Tinha certeza que iria morrer, já sentia de cara. Para poder respirar melhor eu tinha que me levantar, não dava para ficar em pé, encostar o nariz lá no cano e puxar o ar”, disse o empresário em entrevista ao podcast Flow em setembro de 2021.
A polícia descobriu o local onde ele era mantido e Abilio só foi liberado após um cerco de 36 horas, no qual chegou a ser usado como escudo humano por seus captores.
Abilio foi membro do Conselho Monetário Nacional entre 1979 e 1989 e conselheiro econômico dos governos Lula (2003-2010), Dilma Rousseff (2011-2016). Em 2010, o Grupo Pão de Açúcar, ainda sob o seu comando, teria pago R$ 5,5 milhões a Antonio Palocci, então coordenador da campanha de Dilma, por serviços de consultoria que supostamente não haviam sido prestados.
O caso foi arquivado após não terem sido encontradas evidências de qualquer favorecimento do governo petista ao GPA.
Elogioso à política econômica de Paulo Guedes durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022), o empresário estreitou os laços com Bolsonaro e declarou neutralidade nas eleições de 2022, mas voltou a integrar o conselho econômico de Lula, apelidado de “conselhão”, após a eleição do petista em 2022.
Em 2018, o empresário entrou na mira da Polícia Federal (PF) quando foi deflagrada a operação Carne Fraca, que investigava fraudes em laudos da BRF sobre a presença de salmonela em alimentos para exportação.
Na ocasião, Abilio presidia o conselho administrativo da BRF e foi indiciado por estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e crime contra a saúde pública. Em depoimento à PF, ele declarou que não tinha a intenção de ocultar fatos e que atuava para resolver as irregularidades.
Pouco depois, ele deixou o conselho administrativo da companhia.