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Nos últimos cinco anos, 655 agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) foram afastados dos cargos devido a adoecimentos mentais, como depressão e ansiedade. De acordo com dados da própria corporação, o ano em que mais houve licenciamentos do tipo foi em 2019, com 164 afastamentos.
Em média, a cada mês, há, pelo menos, 10 agentes da Polícia Civil afastados em decorrência de algum transtorno mental.
No ano passado, por exemplo, foram 131 atestado do tipo. Em 2022, 129 agentes entraram de licença.
Além do afastamento, há casos em que os agentes têm o porte de arma suspenso. A medida está prevista em casos de “restrição laboral ou licença para tratamento da própria saúde, quando recomendado pela Policlínica da PCDF”, além de situações que envolvam crimes ou processos administrativos.
Em 2023, 80 servidores, agente de polícia, tiveram porte de arma suspenso. No ano anterior, foram 91. O recorde dos últimos anos fica em 2019, quando houve 129 suspensões.
Um dos casos mais emblemáticos de policiais civis que tiveram adoecimento mental conhecidos no DF é o da ex-agente da PCDF Rafaela Luciane Motta Ferreira. Condenada por perseguir e esfaquear o ex-namorado, ela foi presa em 2022.
Segundo o processo, Rafaela invadiu a casa do ex-namorado, armada e com farda. Ela teria o ameaçado de morte, o acusado falsamente de agredi-la e estuprá-la. Em seguida, teria se machucado e acionado a polícia.
Rafaela foi condenada a seis anos de prisão e à perda do cargo público em um dos processos criminais. Em outro, a Justiça determinou que ela pague R$ 50 mil ao ex como indenização por danos morais, já que teria mentido ao inventar que havia sido abusada por ele.
A Justiça chegou a determinar internação em instituição para tratamento psiquiátrico de Rafaela. “Observa-se que o exame psiquiátrico realizado em incidente de insanidade mental apontou, de maneira conclusiva, que a acusada, à época dos fatos, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta”, anotou o juiz responsável na época.
Pesquisa com policiais civis revela que 74% têm ansiedade e depressão
Já em março deste ano, um escrivão da PCDF e a namorada foram encontrados mortos no apartamento do casal em Águas Claras. O escrivão atuava na 12ª DP (Taguatinga Centro) e chegou a perder o porte de arma devido a problemas psicológicos.
Em janeiro deste ano, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) alertou para o adoecimento mental da corporação.
Segundo o Sinpol-DF, a “desvalorização profissional e os problemas psicológicos permeiam os bastidores das forças de segurança do DF”.
O sindicato destacou um estudo divulgado em outubro de 2023, segundo o qual 74,4% dos policiais civis relataram terem tido sintomas de depressão e ansiedade, mas apenas 42,7% buscaram tratamento psicológico ou psiquiátrico.
Procurada, a PCDF não informou como procede nem como apoia os agentes nos casos de transtorno psiquiátrico.